Conquista da Taça das Taças

A conquista da Taça das Taças da temporada 1963/1964, sem sombra de dúvidas é o maior título da história do Sporting Clube de Portugal. Nesta edição, o Sporting estabeleceu a maior goleada de sempre das competições europeias (16-1) e goleou o Manchester United com a sua pior derrota nas provas da UEFA, 5-0.

A Taça dos Clubes Vencedores de Taças ou simplesmente Taça das Taças foi uma competição disputada entre a temporada de 1960/61 até 1998/99. A Taça das Taças foi o segundo torneio mais importante da Europa, atrás apenas da Taça dos Campeões Europeus / UEFA Champions League, e à frente da Taça UEFA (atual europa league).

Com o terceiro lugar conquistado no campeonato na temporada 1962/63, o Sporting garantiu a vaga na Taça das Taças.

1ª ELIMINATÓRIA  / 1ª MÃO
O Sporting iniciou sua caminhada na Taça das Taças no dia 4 de setembro de 1963, diante da Atalanta, na Itália, com uma derrota por 2-0. Salvador Calvanese (74') e Angelo Domenghini (86') marcaram.

O Sporting ainda chegou a ter duas bolas na trave no mesmo minuto (56'). 

Sporting CP: Carvalho; Morais, Lúcio Soares, Alexandre Baptista, Hilário, Mário Lino, Fernando Mendes, David Júlio, Augusto Martins, Mascarenhas e Bé. 
Treinador: Gentil Cardoso. 

1ª ELIMINATÓRIA  / 2ª MÃO
O jogo da volta aconteceu no dia 9 de outubro de 1963, com os leões conseguindo vencer por 3-1, igualando a eliminatória. Ernesto de Figueiredo (5'), Mascarenhas (63') e Bé (76'). Kurt Christensen (17') descontou. 

Sporting CP: Carvalho; Morais, Lúcio Soares, Hilário, Mário Lino, Fernando Mendes, David Júlio, Ernesto de Figueiredo, Bé, Géo Carvalho e Mascarenhas.
Treinador: Gentil Cardoso 
Público: 37.943 Espetadores

1ª ELIMINATÓRIA /3ª MÃO (Desempate)
Como na época não havia a regra dos gols fora, a eliminatória ficou empatada em 3-3, acontecendo um novo jogo no dia 14 de outubro de 1963, novamente em Alvalade, na qual o Sporting voltou a vencer, por 3-1. Mascarenhas (24', 115') e Lúcio Soares (98'). Enrico Nova (21') descontou.

No agregado ficou 6-4, com o Sporting avançando para próxima fase.

Sporting CP: Carvalho; Morais, Lúcio Soares, Hilário, Mário Lino, Fernando Mendes, David Júlio, Louro, Géo Carvalho, Ernesto de Figueiredo e Mascarenhas.
Treinador: Gentil Cardoso 
Público: 4860 Espetadores

OITAVAS DE FINAL  / 1ª MÃO
O adversário na 2ª eliminatória foi o Apoel, do Chipre. Como o adversário passava por dificuldades financeiras, o jogo da 2ª mão também foi disputado em Alvalade após acordo entre os dois clubes, o Apoel vendeu ao Sporting o direito de organizar o encontro por 80 contos.

No dia 13 de novembro de 1963 o Sporting aplicou a maior goleada da história das competições europeias, que dura até os dias de hoje,16-1.

O jogo ainda ficou marcado por Mascarenhas ter balançado as redes por seis vezes, recorde de gols marcados por um só jogador, em jogos de competições europeias. Artilheiro daquela edição com 11 gols no total.

Primeira parte: 1-0, Mascarenhas (5'); 2-0, Ferreira Pinto (7'); 3-0, Mascarenhas (20'); 3-1, Andreou (24'); 4-1, Mascarenhas (27'); 5-1, Mário Lino (35'); 6-1, Louro (36');

Segunda parte: 7-1, Pérides (48'); 8-1, Mascarenhas (57'); 9-1, Augusto (64'); 10-1, Ferreira Pinto (65'); 11-1, Figueiredo (67'); 12-1, Figueiredo (72'); 13-1, Figueiredo (76'); 14-1, Augusto (81'); 15-1, Mascarenhas (84'); 16-1, Mascarenhas (88').

Sporting CP: Carvalho; Pedro Gomes, Alfredo Moreira, Mário Lino, Fernando Mendes, Augusto Martins, José Pérides, Louro, Ernesto de Figueiredo, Mascarenhas e Ferreira Pinto.
Treinador: Gentil Cardoso 
Público: 5111 Espetadores

OITAVAS DE FINAL  / 2ª MÃO

A segunda mão aconteceu no dia 20 de novembro de 1963, desta vez, o Sporting vencer por "modestos" 0-2. Augusto Martins (37') e Mascarenhas (54'). Agregado de 18-1.

Sporting CP: Carvalho; Morais, Pedro Gomes, Mário Lino, Alfredo Moreira, Fernando Mendes, José Pérides, Augusto Martins, Mascarenhas, José Monteiro e Ernesto de Figueiredo.
Treinador: Gentil Cardoso 
Público: 8534 Espetadores

QUARTAS DE FINAL  / 1ª MÃO
Apesar da boa campanha europeia, no campeonato o Sporting não ia bem, com o trabalho do brasileiro Gentil Cardoso sendo posto em causa. Em entrevista "A Bola" ainda em novembro de 1963, o treinador pediu para que só fosse julgado no dia 31 de julho de 1964, quando acabava seu contrato.

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O adversário nas quartas era o poderoso Manchester United, de Denis Law, George Best, Bobby Charlton e companhia. O jogo como Manchester só viria acontecer no final de fevereiro de 1964, até la, o Sporting vinha muito mal no campeonato, logo depois da vitória contra o Apoel, ter empatado com o Varzim em 1-1. Antes de visitar o Manchester no dia 26, já em fevereiro, os leões haviam empatado três vezes seguidas e ganhado apenas um naquele mês. Anselmo Fernández entrou para secretário técnico, com o clube mantendo Gentil Cardoso para não lhe pagar os 160 contos da rescisão.

Veio o Manchester... Derrota pesadíssima por 4-1, com Denis Law marcando um hat-trick (22', 58' gp e 73' gp) e Boby Charlton (39'). Osvaldo Silva ainda descontou aos 69'. Gentil Cardoso viria fazer seu último jogo com o Sporting no dia 8 de março de 64, num empate com o Olhanense que tirou o Sporting da luta pelo título. A situação ficou insustentável, assumindo Anselmo Fernández.

Sporting CP: Carvalho; Morais, Hilário, Pedro Gomes, Alfredo Moreira, José Carlos, Alexandre Baptista, Osvaldo Silva, Fernando Mendes, Augusto e Figueiredo.
Treinador: Gentil Cardoso 

QUARTAS DE FINAL  / 2ª MÃO

O inimaginável aconteceu. Sporting goleia o Manchester United por incríveis 5-0. Osvaldo Silva foi o grande nome com um Hat-trick. Osvaldo Silva (2' gp, 11' e 54'), Géo Carvalho (47') e Morais (52'). Poderiam ter sido 6... com um gol mal anulado pelo árbitro francês, Michel Kitabdjian de Mascarenhas. 6-4 no agregado.

Mascarenhas incrédulo: 

Foi pena, muita pena, ver anulado o gol que marquei. Dominei a bola com o joelho e logo ela desceu pontapeei-a para o fundo das redes. O árbitro alegou que ajeitei com os braços mas não é verdade. Fi-lo com o joelho

O Capitão Fernando Mendes pegou a deixa:

É verdade, teria sido melhor ainda se não tivesse  anulado o gol limpo do Mascarenhas, E não se pense que o Manchester, o grande Manchester, não esteve aqui. O ataque deles revelou a força que possui, a nossa defesa, como, aliás, o resto da equipe é que soube lutar para se lhe superiorizar, em jogo magnífico

Osvaldo Silva, um dos protagonistas: 

Que hei de dizer?. Não é tudo evidente?. Quando alguém marca três gols em uma equipe com o Manchester só pode se sentir um orgulho extraordinário não é?! Pois é o que eu sinto

Sporting CP: Carvalho; Morais, Pedro Gomes, José Carlos, Alexandre Baptista, Hilário, Osvaldo Silva, Fernando Mendes, Mascarenhas, Géo Carvalho e Figueiredo.
Treinador: Anselmo Fernández
Público: 29.187 Espetadores

SEMIFINAL  / 1ª MÃO

Lyon foi o adversário na semifinal. No primeiro jogo disputado na França, um 0-0.

Sporting CP: Carvalho; Morais, Pedro Gomes, José Carlos, Alexandre Baptista, Hilário, Osvaldo Silva, Fernando Mendes, Mascarenhas, Géo Carvalho e Ernesto de Figueiredo.

Treinador: Anselmo Fernández

SEMIFINAL  / 2ª MÃO

Na segunda mão disputada em Alvalade, no dia 21 de abril de 1964, os franceses abriram o marcador com Néstor Combín (13'). Os leões vieram a empatar com o brasileiro Géo Carvalho (48'). Obrigando uma terceira partida de desempate.

Sporting CP: Carvalho; Morais, Pedro Gomes, José Carlos, Alexandre Baptista, Hilário, Osvaldo Silva, Fernando Mendes, Mascarenhas, Géo Carvalho e Figueiredo.

Treinador: Anselmo Fernández

Público: 40.749 Espetadores

SEMIFINAL  / 3ª MÃO (Desempate)

O jogo de desempate aconteceu no dia 5 de maio de 1964, novamente em Alvalade, era tudo ou nada. Osvaldo Silva (65') marcou o gol da vitória, por 1-0. Jean Dumas (70') ainda foi expulso por falta dura em Alexandre Baptista.

Sporting CP: Carvalho; Morais, Pedro Gomes, José Carlos, Alexandre Baptista, Hilário, Osvaldo Silva, Fernando Mendes, José Pérides, Mascarenhas e Géo Carvalho.
Treinador: Anselmo Fernández
Público: 20.000 Espetadores

FINAL

A final foi disputada diante dos húngaros do MTK Budapest, no dia 13 de maio de 1964, em Heysel, Bélgica. Empate em 3-3. Mascarenhas (40') e Ernesto de Figueiredo (48' e 81'). Károly Sándor (19') e Istvan Kuti (70' e 72') marcaram para os adversários, obrigando uma outra final.

Sporting CP: Carvalho; Morais, Pedro Gomes, José Carlos, Alexandre Baptista, Osvaldo Silva, Fernando Mendes, Géo Carvalho, Mascarenhas, Bé e Figueiredo.
Treinador: Anselmo Fernández

FINAL (Desempate)

A final "definitiva" veio a acontecer dois dias depois, no dia 15, no estádio de Bosuilstadion, Antuérpia, Bélgica. 

O Sporting acabou por vencer com um gol olímpico de Morais (19'), que ficou conhecido como "O CANTINHO DO MORAIS". 

Morais descreveu assim o seu gol:

Me virei para o banco e confirmei se era eu. O técnico acenou-me que sim. Lá fui. Peguei na bola com jeitinho, disse-lhe umas palavrinhas amigas, dei-lhe um beijinho… Depois, mal senti o pé a bater nela fiquei logo com a sensação de que seria gol. Parece que o tempo parou ali. Observei a trajetória do esférico, vi o Figueiredo a correr para o primeiro poste e o goleiro atrás dele para interceptar a eventual cabeçada do desvio, mas o destino estava traçado. A bola passou por cima dos dois e acabou por entrar junto ao segundo poste. Foi a euforia total, ainda para mais porque foi o gol que ditou a vitória e nos permitiu trazer a taça. Não foi um gol de sorte. Ao longo da minha carreira marquei mais uns quantos da mesma maneira…

Sporting CP: Carvalho; Morais, Pedro Gomes, José Carlos, Alexandre Baptista, Osvaldo Silva, José Pérides, Fernando Mendes, Géo Carvalho, Mascarenhas e Figueiredo.
Treinador: Anselmo Fernández